Acabo de terminar todos os episódios de “When the weather is fine”, então estou com os sentimentos e emoções fervilhando. Acredito ser um bom momento para guardar alguns deles aqui!
A história da Hae-won, nossa protagonista, é contada por meio das estações. Ela estava vivendo de forma cansativa e desgastante em Seoul, tinha se frustrado na área profissional e ainda carregava diversas cicatrizes – e feridas não curadas – por conta de um acontecimento no passado que envolvia a morte do seu pai. É no auge de todo esse conflito que ela resolve voltar para a sua terra natal, uma pequena vila no campo, para passar uma temporada de inverno.
É aqui que reside a primeira – e diria que a principal – razão pela qual eu me apaixonei por essa história. A vila é aconchegante, quieta e pacata. As pessoas se reúnem para um clube do livro uma vez por semana, todos conhecem a dona da farmácia e usam a bicicleta para ir ao trabalho e à escola. Talvez por estar em uma estação em que desejo a calmaria e tenho aprendido a valorizar a simplicidade, eu me peguei imaginando várias vezes como seria morar em um lugar como aquele. A delicadeza desses momentos é palpável e calorosa, ela é captada em momentos simples e propositalmente lentos: a comida sendo feita, o café sendo passado, o poema sendo absorvido, a lâmpada sendo trocada. Enquanto todas essas pequenas coisas acontecem, você se pega pensando sobre a própria vida. É como estar sentado ao lado de uma janela vendo a neve cair com uma xícara exalando calor quente nas mãos.
Ainda assim, mesmo que a vida ali representada seja simples e ordinária, os sentimentos nem sempre o são. E cada personagem com mais tempo de tela é representado com pessoalidade e sensibilidade. Em suas fraquezas e solidão, expõem medos, inseguranças, tristezas e conflitos. Por meio dos poemas ou mesmo das lágrimas, eles são seres humanos que estão uma estação invernal, meio escura e gelada, como tantos de nós. Uma das coisas que mais me cativou é que você acompanha pessoas diferentes nas suas diversas formas de amar e sofrer: um avô com seu netinho, uma amiga cuidadosa e divertida, uma irmã autêntica espontânea (Li-Hwi, conte comigo para tudo), pais protetores, um tio da vizinhança e velhos amigos da escola que seguiram caminhos inesperados. Eles se reúnem para contar histórias, mas acabam imprimindo um pouco das próprias jornadas ali. Estamos cercados por pessoas assim! E me peguei pensando “por que não ouvir mais o que elas tem a contar?”
Bem, o romance, é claro, é lindo! A Park Min-Young fez um papel tão diferente do usual, em que ela costuma ser extrovertida, comunicativa e mulher de negócios. Ali, ela é quieta, introspectiva e fala apenas o necessário. Ao longo do tempo, começa a se sentir confortável, se soltar um pouco e se curar de algumas dores ao refletir consigo mesma, se resolver com o passado, conhecer pessoas novas e ser genuinamente amada, o que tanto nos ensina nas linhas e entrelinhas. O Kang Joon é apaixonante e é um dos personagens masculinos que mais amei até então, ele é doce, tímido e um amante de literatura. As frases que ele escrevia seu blog privado estão guardadas no meu próprio diário porque eu sei que descrevem um pouco de mim também. Outra razão pela qual amei a história está aqui: o amor foi despertado e narrado em atos calorosos, mesmo em meio ao inverno da alma de cada um. É isso que amor faz, não é? Mostra que não estamos sós, que existe abraço, colo, companhia e calor.
Por fim, as frases precisam ser absorvidas com cuidado. Os momentos silenciosos também. Alguns poemas vão fincar fundo na alma e em outros momentos, uma cena simples de algum dos personagens sorrindo, lendo e contemplando o céu será suficiente para fazer poesia. Estamos todos em barcos bem parecidos, o que nos difere é a intensidade da onda, o local do oceano… Talvez você esteja no outono, amadurecendo processos, talvez esteja no inverno, começando a enfrentá-los, mas o que posso te dizer – e dizer a mim mesma – é que a primavera sempre chega. Ela floresce ao nosso redor e dentro de nós, ela nos ajuda a ver novas cores depois de todo o cinza.
Por fim, deixo o Jang-Woo com uma frase final que sintonizou com a minha estação: por que achamos que a felicidade está no incomum? Ela pode estar no ordinário que tanto desprezamos.


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