Somos tão movidos pelo ego que não é difícil cairmos na armadilha do eu, o terrível buraco negro que nos carrega em individualismo e egoísmo.
Eu noto isso na minha caminhada mais vezes do que gostaria. Na rotina cansativa do trabalho, dos estudos, do ativismo ministerial, da super produção e até mesmo do lazer, eu percebo que estou de novo sozinha, fazendo as coisas por mim mesma e clamando ser pelo outro. Digo que quero ajudar o próximo, mas a ideia é apagada da minha mente assim que os meus problemas tomam a frente. Digo que preciso focar na pregação do evangelho, mas as minhas incapacidades em fazê-lo tomam mais tempo e atenção do que as tentativas de levar o Reino.
Eu sou uma pessoa desapegada e individualista por natureza. Facilmente fico focada apenas em mim mesma, e até por isso, acho mais fácil me resolver sozinha que compartilhar os problemas. Percebo que existe esse abismo dentro de mim todas as vezes que esqueço do externo e facilmente me jogo dele sem olhar para trás. Mesmo que várias coisas do lado de fora precisem de conserto, eu acabo me desligando delas quando o que está do lado de dentro chama demais a minha atenção.
Eu tenho lutado muito para encontrar um equilíbrio. Eu vejo valor demais na solitude, eu acho que se recolher em um cantinho para pensar, refletir e decidir é necessário. Precisamos ser gentis com os nossos corações, com o nosso tempo, com o nosso silêncio. Mas precisamos caminhar muito cautelosamente quanto a possibilidade de ficarmos imersos demais em nós mesmos. Porque a vida, e principalmente o evangelho, é sobre ir além do que queremos, do que somos e até do que (achamos) que podemos fazer. A caminhada com Cristo nos desafia e nos confronta a sair do comum. Lapidar o que está do lado de dentro é essencial e precisa ser feito com muita paciência e dedicação, mas periodicamente precisamos nos questionar o quanto temos olhado para fora. Para os problemas ao nosso redor, para o que as pessoas realmente estão precisando (e não para o que achamos que elas estão), para a realidade que não passa por nós, mas está bem ao lado.
No fim, não é somente sobre nós, sobre as nossas dores, sobre as nossas incapacidades, sobre as nossas lembranças. É sobre Ele e o que Ele quer fazer por nós. Em algumas estações, vamos plantar, regar e colher em nossas próprias almas e corações. Em outras, vamos precisar sair do casulo e voar mais alto. Mas na maior parte delas, vamos precisar fazer os dois, e é aqui que entra a sabedoria, o discernimento e o equilíbrio que só o Pai pode nos dar, mas que cabe a nós pedir.
1 Comentário
Texto motivador. Que possamos olhar mais para o próximo.
Bom fim de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia